terça-feira, 1 de abril de 2008

Embratel começa a oferecer WiMAX no Brasil; futuro da tecnologia ainda é incerto

Quando se começa a falar da tecnologia de banda larga WiMAX, a discussão se transforma em novela e, no Brasil, em dramalhão mexicano.

Há quase três anos à espera das primeiras soluções comerciais, novamente as empresas de telecomunicações anunciam que, em 2008, os usuários poderão finalmente conferir de perto a promessa de banda larga sem fio, em alta velocidade, baixo custo e longo alcance.

A primeira operadora a oferecer o serviço será a Embratel. A partir de abril, a tecnologia passa a ser entregue pela operadora para pequenas e médias empresas em 12 capitais (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo). O usuário final, por enquanto, não terá acesso.

Porém, com tantas delongas, nem a indústria parece mais acreditar no sucesso do WiMAX como antes. Mundo afora, o ceticismo reina sobre até onde vai a viabilidade técnica e comercial da tecnologia, que nunca deslanchou por completo.

E a cada ano, novas possibilidades de banda larga aparecem, inclusive no Brasil, onde aos poucos as operadoras de telefonia oferecem banda larga sem fio pela rede 3G de celular a preços bem acessíveis, se comparados aos planos DSL da Oi e da Telefônica, por exemplo.

Em 2005, as primeiras investidas no Brasil surgiram e houve uma promessa de que 2006 seria o ano do WiMAX. Grande parte do otimismo foi por conta da licitação nº. 002/2006 de novas frequências em 3,5 GHz. Mais de 100 empresas entraram com propostas, mas no mesmo ano o processo foi suspenso depois de uma intervenção do Tribunal de Contas da União.

Agora, não apenas a Anatel promete uma nova licitação para 2008, como cinco empresas se uniram para comercializar soluções WiMAX no país em um novo consórcio de players. De acordo com o Teleco, site que agrega especialistas no setor, as empresas são: Icatel, Trópico, Asga, Padtec e Parks. Resta saber se elas irão conseguir superar as burocracias da Anatel e, sobretudo, a concorrência das operadoras ao oferecer Internet banda larga.

O novo consórcio irá colidir com alternativas de nome já consolidados, como é o caso da Brasil Telecom (atualmente em processo de venda para Oi, em discussão), que tem autorização para testar WiMAX na frequência de 3,5 GHz na cidade de São Paulo. A licença da Anatel foi concedida em outubro do ano passado, com validade de seis meses. A empresa, contudo, não mostra maiores detalhes sobre os testes.

Brasil Telecom, Vivo, Telefônica e várias outras empresas já anunciaram, publicamente, planos de implementação do WiMAX no Brasil. Desde 2005, vários testes são feitos e até projetos inteiros que usaram WiMAX para interligar cidades e escolas.

Por dentro do WiMAX

Tantos debates e burocracrias, mas o que faz o WiMAX ser tão problemático? Primeiro, é preciso entender como funciona a tecnologia, para depois tentar entender os meandros que talvez não tenham deixado o WiMAX obter o sucesso esperado.

Em uma linguagem menos técnica, o WiMAX poderia ser considerado uma evolução do Wi-Fi, que por sua vez é o atual padrão para acesso sem fio à Internet, o tal do wireless. Os pontos de acesso em Wi-Fi, também chamados de hotspots, são uma febre no exterior, mas aqui no Brasil ainda dá para contar nos dedos os lugares com disponibilidade de Wi-Fi fora das grandes capitais no sul e sudeste do país.

O WiMAX é um padrão aberto de conexão sem fio, certificado pelo IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers. Logo, não é uma tecnologia proprietária, não há donos, embora haja empresas bem mais "empolgadas" do que outras, como é o caso da Intel. Geralmente, porque investiram muito dinheiro em pesquisa e desenvolvimento de chips e produtos para WiMAX. Fora a Intel, as empresas-líderes são AT&T, British Telecom, Fujitsu, Samsung, Sprint Nextel, ZTE, entre outras.

A transmissão do sinal WiMAX é bem parecida com a de um telefone celular. Uma torre central envia o sinal para várias outras torres espalhadas, as quais vão multiplicar o sinal para chegar aos receptores. E o usuário final recebe o sinal por uma pequena antena, ligada ao PC ou notebook via placa de rede.

Um dos trunfos do WiMAX é a flexibilidade do uso. A antena pode ficar no topo de um prédio (multiplicando a conexão para o condomínio inteiro, por exemplo) ou ao lado do gabinete do PC mesmo, como se fosse um modem externo.

Enquanto os pontos de acesso em Wi-Fi só geram sinal que alcançam uma média de 100 metros e 11 Mbps máximos, o WiMAX pode chegar a um raio de 50 km e velocidade de 75 Mbps em condições ideais. A qualidade depende da geografia (montanhas, barreiras, prédios altos) mas tende a ser bem melhor do que o Wi-Fi. A média, contudo, fica entre 10 a 40 km a depender do terreno.

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