DANIEL PINHEIRO
Do UOL Tecnologia, em Berlim (Alemanha)
Ela está por todos os cantos das dezenas de pavilhões pelos quais a IFA 2007 se espalha. Não é só uma impressão ou apenas uma tendência dominante —a edição de 2007 da feira, a maior da Europa no mercado de eletrônicos de consumo, é sobre TV.
Apesar do apelo das telas de cristal líquido e de plasma, algumas iniciativas começam a propor novos acessos à televisão e ao seu conteúdo. E tudo isso fora da caixinha.
Um exemplo é a transmissão pelo telefone celular. Este aparelho, que no início foi feito "só para falar" —e que com o tempo tornou-se agenda, tocador de MP3, câmera fotográfica, filmadora, computador de mão, ponto de acesso à Web...—, agora também é televisão.
A TV no celular já é uma realidade aqui na Alemanha, onde as transmissões começaram em 2006. A novidade vem ganhando cada vez mais usuários.
Um exemplo: a T-Mobile, principal operadora de telefonia celular alemã, oferece um serviço que tem uma grande chance de fazer sucesso no Brasil. A transmissão de jogos de futebol.
A empresa começou neste ano a mostrar todos os jogos da primeira e da segunda divisões do Campeonato Alemão, que poderá ser visto de graça até outubro de 2007 pelos usuários que já tinham pacotes para terem TV no celular.
Após esse período, o assinante terá que pagar uma taxa de € 5 mensais para continuar a ter acesso às partidas da Bundelisga.
Jornal via satélite
Mesmo sem que a idéia tenha decolado, já existe preocupação quanto à saturação da capacidade de transmitir sinal de TV para telefones celulares.
Isso porque é necessário usar muito da banda disponível das atuais antenas de celular para enviar o conteúdo televisivo para os aparelhos dos usuários.
"Para atender com qualidade à demanda que é prevista da TV móvel, seriam necessárias pelo menos algumas centenas de antenas [adicionais] para telefonia celular na Alemanha", diz Roland Kircher, gerente de transmissão de TV para celular da Alcatel-Lucent.
O problema, diz Kircher, é que essas antenas para telefonia celular são caras. "Isso porque estamos na Alemanha, um país pequeno e relativamente rico se comparado ao Brasil. Não consigo imaginar quantas torres vocês teriam que adicionar para cobrir o país inteiro com o sinal de TV para celular."
A solução que a multinacional de telecomunicações encontrou é o uso de satélites para transmitir TV para celulares sem ter que necessariamente investir na construção de novas torres.
"Na verdade, seria uma adaptação para o sinal de TV de algo que já fazemos em celulares, como a recepção de sinal GPS", explica Kircher. "Não é algo muito complicado de fazer. Basicamente, é enviar a transmissão de TV para o satélite e retransmiti-la para os telefones móveis."
Só do lado de fora
Porém, há um empecilho na transmissão via satélite —que já é bem conhecido pelos que utilizam navegadores GPS. Não é possível receber o sinal via satélite em ambientes fechados.
"É por isso que a nossa solução é híbrida", diz o funcionário da Alcatel-Lucent. "O uso de um tipo de transmissão não anula o outro. Nesse caso, quando está dentro de um prédio, a pessoa usa a transmissão pela rede de antenas celulares."
Segundo Kircher, a mudança de recepção de sinal será imperceptível para o usuário. "Ele vai continuar vendo seu programa normalmente."
Ainda não há previsão para a chegada da transmissão via satélite de sinal de TV para celulares, já que ela precisa ser regulamentada pelas autoridades alemãs, o que deve acontecer até o fim de outubro deste ano.
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