Linhas de segunda mão já respondem por 26% do total, aponta pesquisa; baixa renda sustenta expansão
O mercado de celulares de segunda mão atingiu um volume histórico. No ano passado, uma linha em cada quatro foi adquirida de terceiros. É o que revela uma pesquisa da LatinPanel, empresa que monitora o perfil de consumo em 8.200 domicílios do país.Para esse levantamento, foram entrevistados 26 mil brasileiros, que representam 80% da população economicamente ativa e 91% do potencial de consumo dos produtos e serviços da telefonia móvel.
De acordo com a pesquisa, o interior paulista e o Rio Grande do Sul foram os que mais se destacaram. Nessas regiões, as linhas de segunda mão já rivalizam com os números vendidos pelas lojas das operadoras, respondendo por 54% e 53%, respectivamente, do total.
Em seguida, aparece a área formada por Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, com 34% de participação nas vendas.
Estima-se que esse mercado não representava nem 15% do total há quatro anos. "O que explica esse fenômeno é a expansão da renda das classes C, D e E", afirma Margareth Utimura, diretora de atendimento e inovação da LatinPanel.
Ainda segundo a pesquisa, 53% dos brasileiros das classes D e E têm pelo menos uma linha de celular. Em 2006, esse índice era de 39%. No mesmo período, essa taxa na classe C saltou de 59% para 70%. "Foi o maior crescimento, e ele é reflexo da oferta de crédito no país", afirma Utimura. "Além disso, esse grupo também deixa de comprar bens não-duráveis para comprar um celular."
Para ela, até o ano passado, o crescimento do mercado de usados não chamava tanto a atenção das operadoras porque as linhas eram revendidas e continuavam ativas.
A partir do segundo semestre deste ano, as regras devem ter alterações com a portabilidade, que permitirá ao cliente mudar de operadora preservando o número do telefone.
A Folha apurou que a Claro e a Oi planejam lançar pacotes mais ajustados à baixa renda ao longo deste ano. Segundo Eduardo Tude, presidente do Teleco, serviço de informação em telecomunicações, a Vivo -que hoje detém a liderança em total de clientes- pode perder terreno, caso não lance pacotes que caibam no bolso das classes C, D e E.
"A Claro e a Oi estão à frente no segmento de baixa renda, mas a Vivo está se mexendo", diz. "Ao decidir adotar o GSM, ela criou condições para entrar nesse mercado, e acredito que ajustará sua oferta."
Desafios
Apesar de o crescimento da renda das classes C, D e E forçar as operadoras a inseri-las em sua estratégia de negócio, os analistas ainda não sabem se esse segmento trará o retorno desejado. Segundo a LatinPanel, a receita média mensal dos clientes pós-pagos cresceu 15%, passando de R$ 64,38 para R$ 68,31. Nesse grupo estão praticamente os clientes das classes A e B.
Entre os clientes que utilizam o pré-pago, basicamente das classes C, D e E, essa média passou de R$ 13,34 para R$ 11,60, uma queda de 13%, nos últimos dois anos.
Considerando a base total de clientes, o gasto médio mensal passou de R$ 20 para R$ 18, uma baixa de 11% no período considerado.
Apesar dos desafios impostos às operadoras, elas poderão faturar com o volume de novos clientes, mesmo que o gasto médio seja baixo. Ainda segundo a LatinPanel, 10% dos que não têm celular dizem que vão adquirir sua primeira linha nos próximos seis meses. É um time formado por 46 milhões de futuros consumidores.
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