terça-feira, 5 de maio de 2009

Pirateando satélites militares americanos (e sendo presos por isso)

"Que o brasileiro é cara-de-pau a gente já sabe, mas algumas vezes essa cara-de-pau atinge alturas inimagináveis. Se você não consegue imaginar 36.500Km de altitude, a chamada Órbita de Clarke, onde ficam os satélites geoestacionários.

Os satélites em questão são militares, colocados em órbita pela Marinha, Exército e Depto de Defesa dos EUA. Pois bem: vários anos atrás um grupo de desocupados descobriu que modificando equipamentos de radioamador era possível mandar sinais para esses satélites, que eram prontamente replicados, permitindo assim comunicação entre longas, muito longas distâncias.

Os desocupados em questão eram em grande maioria brasileiros, com profissões como caminhoneiros, lenhadores ilegais, traficantes e similares.

Esse uso, claro, é ilegal, pois se um rádio pirata interferindo com a torre de Congonhas já é ruim, imagine um sujeito cercado, no Afeganistão tentando pedir ajuda e sendo interrompido por alguém comentando o jogo do São Paulo...

A Polícia Federal já prendeu mais de 20 pessoas que eram espertas o bastante para participar de listas do YahooGroups sobre o tema, mas a quantidade de usuários ainda é muito grande, entre eles Fernandinho Beira Mar (se bem que esse não transmite mais) e o PCC. Além das FARCs e outros grupos terroristas.

Para mais detalhes, é só pesquisar no Google por Operação Satélite.

A técnica se espalhou, e hoje é fácil comprar equipamentos para modificar um rádio legítimo para usar esses satélites.

Adinei Brochi, Rádioamador da região de Campinas escreveu um excelente resumo da situação toda.

Aqui uma comunicação dessas capturada no YouTube:"



[via Meio Bit] em 26/04/09

Em uma notícia relacionada...

"Sites de notícias internacionais, como o Boing Boing estão falando a respeito do Brasil. Em 8 de Março, o satélite FLTSAT-8 da marinha americana irrompeu em transmissões ilegais. Brasileiros comemoravam o primeiro gol do jogador Ronaldo pelo Corinthians.

Para utilizar o satélite, caminhoneiros, madeireiros ilegais e outros utilizavam um transmissor de rádio que opera na frequência de 144 a 148MHz, um duplicador de frequência, bobinas e um diodo, permitindo que o rádio operasse à frequiencia de 292 a 317MHz, a mesma dos satélites FLTSATCOM.

Todos os itens necessários podia ser adquiridos por menos de R$ 1.100 em qualquer parada de caminhões. “Eu já vi mais de um desses em lojas de reparo de caminhões. Homens quase analfabetos montavam um em menos de um minuto, enrolando fio em uma bobina”, disse o radioamador Adinei Brochi, que publicou na internet um PDF extenso detalhando o assunto, disponível pelo atalho tinyurl.com/cmagmp.

A utilização do sinal desse satélite, chamado de “Bolinha” já vem sendo feita desde os anos 90, e permitia a comunicação a distâncias muito maiores do que as comumente utilizadas pelos rádioamadores. Criminosos como madeireiros ilegais e traficantes utilizavam o “gato” para trocar informações a respeito de fiscalizações e batidas policiais.

Uma dessas conversas foi interceptada em um vídeo, publicado no YouTube (link: tinyurl.com/dfshld. Na conversa, um homem alerta um amigo para que este tome cuidado, porque as coisas estão ficando “complicadas”, e que “vendavais” se aproximam. “Algumas vezes, os usuários se referem à aproximação das autoridades dizendo que ‘Papai Noel está chegando’”, disse Brochi, mostrando que muitas das conversas registradas são feitas por criminosos.

“Isso vem acontecendo há cinco anos”, declarou Celso Campos, da Polícia Federal, que já prendeu 20 pessoas acusadas da pirataria do sinal, que não é muito utilizado pelo exército americano, mas ainda assim é oficial e seu uso é ilegal. “É impossível não encontrar equipamentos como esse quando prendemos qualquer quadrilha de crime organizado”, disse outro policial.

A operação policial, que está sendo chamada de “Operação Satélite”, é a primeira no país a lidar com esse problema. A Polícia Federal seguiu coordenadas cedidas pelo Departamento de Defesa americano com consultoria da Anatel, agência brasileira que regula as redes de telecomunicações. Como resultado, foram presos professores universitários, eletricistas, caminhoneiros e farmacêuticos, que podem pegar até quatro anos de prisão.

Além do componente criminoso, o uso dos satélites por pessoas não autorizadas pode prejudicar seus usuários oficiais. “Se um soldado é ferido em uma emboscada, a primeira coisa na qual ele vai pensar será em mandar uma mensagem de socorrro, requisitando isso pelo rádio. E se ele estiver tentando pedir ajuda e dois caminhoneiros estão discutindo sobre futebol? Em uma emergência, aquele soldado não conseguirá lembrar rapidamente como mudar a programação do rádio para procurar uma frequência que não esteja ocupada”, lembrou Brochi.

Os casos de pirataria, entretanto, não se resumem apenas ao Brasil. No ano passado, americanos seguiram um sinal que ia até Nova Jersey, destinados a um imigrante brasileiro que residia no local. Joaquim Barbosa, que utilizava um transceiver programado para um FLTSAT, foi multado em US$ 20.000, o equivalente a quase R$ 45.000.

De acordo com o blog de segurança política do site Wired, quatro satélites FLTSATCOM foram colocados em órbita nos anos 70, uma época de grandes avanços nas comunicações militares. Seus 23 canais eram utilizados pelo exército americano e até pela Casa Branca, para conversas e arquivos criptografados em equipamentos portáteis de fácil utilização em campo de guerra. Hoje, existem apenas dois desses satélites em órbita, e sua tecnologia foi substituída por oito satélites UFO (Ultra High Frequency Follow-On)."

[via Geek]

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